Não podia escrever um blogue sobre a pesca, e ainda menos sobre a pesca á truta no Minho, sem falar da paixão pela pesca. Como todos os sentimentos, é bastante difícil explicar este em concreto, mas vou tentar descrever um pouco o que sentimos.
Para muitas pessoas, quando se fala de pesca a primeira imagem que surge no seu pensamento, é o “homem” com uma cana na mão á espera que o peixe se suicide.
Embora este também é um tipo de “pesca” utilizado por muitos, a pesca á truta não tem qualquer semelhança com esta imagem.
A truta, como outras espécies, têm períodos de pesca definidos, a abertura da truta é em 1 Março de cada ano.
Somos todos diferentes, mas normalmente quando chega a Novembro ou meados de Dezembro, começamos nós “pescadores” a encontrar-nos nas casas de venda de artigos de pesca, a visitar os amigos da pesca, e tudo isto, apenas para pudermos falar um pouco sobre a pesca, libertar-nos um pouco a ansiedade que nos começa a preencher. Parece que nunca mais chega o dia um de Março.
Lá compramos nós algo mais para a pesca, possivelmente alguma coisa que não precisamos e nem vamos utilizar, mas o comprar já acalma a ansiedade.
Mas quando o ano termina e começa o novo, aí já estamos em contagem decrescente, é altura de tirar licenças, preparar o barco, revisão ao motor, preparar o reboque, ver canas e carretos, ver amostras e rapalas, olear e por massa nos carretos, linhas novas. Tudo têm de estar bem. O tempo agora já está em contagem decrescente, mais uns telefonemas para a capitania para ver se não existem alterações ás leis.
Tudo é preparado ao pormenor, esta preparação ajuda a que o tempo passe um pouco mais rápido, seja mais fácil esperar, pelo grande dia.
Assim andamos nesta ansiedade dois ou três meses, trocamos ideias com os amigos sobre onde vamos pescar, como, quando, técnicas? etc.
Quando finalmente chega o final do mês de Fevereiro, estamos a explodir, chegamos ao ponto de voltar a ser criança, quando tínhamos o nosso passeio na escola primária e que não conseguimos adormecer. Na abertura da pesca, acontece algo semelhante, não adianta ir para a cama ás 22horas pois temos de nos levantar ás 4 horas, apenas teríamos mais tempo a olhar para o relógio á espera que fossem 4 horas, praticamente não dormimos, e quando dormitamos é no máximo neste primeiro dia entre 1 e 1,5 horas.
Quando chega a hora não custa levantar, tudo se faz com prazer, sempre neste dia, chegamos ainda de noite ao rio, colocamos o barco na água e esperamos, esperamos que o dia nasça, mas esperamos no próprio rio.
Começa a pesca o barco não para, percorremos Km durante todo o dia, experimentamos rapalas, os rapalas são peixes artificiais que imitam normalmente um peixe ferido, o que provoca que as trutas ataquem, resultando um ataque por vezes violento. A paisagem é magnifica, normalmente a água do rio é transparente nos lugares baixos, estamos rodeados de patos bravos, mergulhões, até Cisnes selvagens já vimos, raposas, esquilos, etc. A cor verde é dominante nas margens, estamos no meio de um lindo postal, cheios de sono, cansados por não dormir e pelo esforço da pesca, mas satisfeitos, contentes, e vivos.
Temos a sensação que temos tudo o que queremos. E de facto tudo está aí.
Este é um dia único, os seguintes são também optimnos, mas este a abertura é único.
Assim numas breves palavras espero ter descrito um pouco desta paixão, deste belo desporto que nos faz sentir vivos, bem e em pleno sintonia com a natureza.
sexta-feira, 4 de junho de 2010
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