Noite muito curta, depois de 3
horas de dormir, levantei-me as 4:40 para sair as 5:00 e para chegar cedo e
tomar o pequeno-almoço como costume na confeitaria das cerejeiras.
As expectativas eram enormes, a
abertura nos últimos dez anos tinha sido bastante boa, nos últimos dois, mesmo
fabulosos. Tínhamos vários ingredientes que perspectivavam um bom dia de pesca.Quando chegamos ao nosso local, já dois barcos se preparavam para entrar na água, preparamos as “coisas” e aguardamos a nossa vez, chegamos em boa hora, pois não demorou muito a começar a procissão dos barcos. Esperamos já dentro do barco o nascer do dia.
A claridade do nascer do dia
apareceu e nós começamos a pescar. O tempo estava super frio, estava um vento
fraco gelado, mesmo com roupa adequada, botas de neoprene completas, e um corta-vento
por cima, não era fácil suportar o frio, as mãos congelavam á medida que o
barco andava. Normalmente quando o sol nasce, o dia aquece, já temos tido
muitos dias de frio (geada) que depois o sol nasce, e fica agradável, mas neste
nas primeiras horas era de congelar, estava a desenhar-se um dia que de facto
se confirmou, que de normal não teve nada. Normalmente não costumamos (de
barco) pescar trutas mariscas no Minho no nascer do dia, apenas algum tempo
depois, mas este começou bastante bem, foi pescada depois de 4 minutos a
primeira truta, (28 cm) e devolvida á água, depois mais uns minutos e uma
bastante grande (a melhor do dia), seguiram-se outras sem medida e vários “ataques”,
e de repente parou. Apareceu o sol e andamos tempos infinitos sem sentir peixe,
de muito em muito longe lá pescávamos mais uma truta e mais um tempo infinito
sem nada. Desesperados a que tentar todas as cores do rapala, á que fazer
experiências na forma de pescar, na velocidade, em todos as situações que nos
lembramos, troca de telefonemas com outros amigos pescadores (que tinham o
mesmo problema), mas nada fazia mudar para o que normalmente dava resultado.
Assim andamos horas a fio, até
que o sol começa a desaparecer, e as trutas voltam logo a uma boa actividade e conseguimos pescar mais algumas.
O caudal do rio muito baixo, como
nunca se viu, a água transparente, em alguns lugares de vários metros de
profundidade via-se perfeitamente o fundo. Parecia vidro, água limpa e com uma
visibilidade como nunca vi. Claro que não foi apenas por este factor que as
trutas não estavam muito activas, no meu entender e claro baseado nas que “pescávamos”,
o problema era bastante maior, as trutas que entraram, fizeram-no em Novembro e
Dezembro com as chuvas e caudal do rio, foram estas trutas que pescamos, era
normal pescar trutas acabadas de entrar, este ano não pescamos uma. Todos os
barcos com quem falamos e as trutas que vimos, estavam na mesma situação,
trutas com algum tempo de entrada. Faltava aqui as trutas que todos os dias
entram no Minho, devem estar no mar em Caminha á espera de água suficiente para
entrar. As trutas acabadas de entrar são de cor prata, todas as que pescamos
embora mariscas, já tinham alguma tonalidade mais escura, tonalidade do rio.
Foi a minha pior abertura (embora
comparativamente a outros barcos, não fosse má) nos últimos dez anos. Não tenho
qualquer dúvida que não estão a entrar muitas trutas, em algumas partes do rio
tinham mais, mas não se viam a trutas normais desta época (acabadas de entrar).Assim para este ano perspectiva-se um ano complicado, a não ser que chova suficientemente para gerar algum caudal, e aí entraram de certeza muitas trutas. Vamos pescar nestes próximos dias as trutas que estão concentradas em alguns lugares, mas sem “reposição” ou seja sem trutas a entrar todos os dias que é normal nesta época, vai terminar muito cedo a pesca no Minho este ano.
Esperemos o tempo mude, nunca vi o Minho
assim.