domingo, 10 de junho de 2012

Pesca á savelha no Minho

Durante vários anos vi pescar a savelha no Minho, no entanto nunca tinha experimentado esta pesca.
Este ano finalmente resolvi pescar á savelha e foi uma surpresa muito agradável.
As savelhas do Minho são bastante grandes, atingindo os dois kilos. As savelhas mais comuns rondam um kilo.
Talvez por ser uma pesca muito semelhante á pesca ao robalo, á borracha, que eu gosto muito, também gostei bastante desta pesca.
As borrachas utilizadas são imitações do meixão, e podem ser em várias cores, entre o branco, amarelo, vermelho e outras cores.
Talvez por ser um período muito curto, de 15 de maio a 15 de junho, e a extensão do rio em que é pescado não ser muito grande, é a pesca onde se acumulam mais pescadores.
Temos no fim-de-semana de ir para o rio muito cedo, cerca das 04:30 para conseguir arranjar vez. Mesmo a esta hora já estão vários pescadores locais nos lugares mais procurados.

Nunca vi uma pesca onde tantos pescadores estão “ombro a ombro” a pescar, e mesmo assim não se vêm grandes discussões, pelo contrário estamos a pescar num ambiente amigável e de camaradagem.
Embora seja melhor pescar de barco, pois podemos estar em lugares mais eficazes, a pesca da margem, embora com demasiados pescadores é bastante agradável. Foi esta última que experimentei, no próximo ano irei fazer esta pesca de barco.
A savelha tem um ataque semelhante ao robalo, talvez um pouco mais violento, o que nos dá um grande prazer, quando conseguimos pescar algumas.
Exige um pouco do pescador, pois temos de durante horas seguidas fazer “lançamentos” consecutivos, e recolha, pois temos de ter a borracha a trabalhar quando as savelhas passam.
A chumbada utilizada é de cerca de 35 a 40 gramas, mas estamos continuamente a lançar.

É de facto uma pesca emotiva, pois estamos sempre á espera que a qualquer momento, tenhamos um ataque violento á nossa borracha.
Como normalmente saem algumas, como somos tantos pescadores, alguém de repente pesca alguma. Este efeito motiva os restantes.

É uma pesca que aconselho a quem gosta de pescar com artificiais, e alguém que gosta de fazer pesca muito activa (nunca estamos parados).



Junto anexo texto sobre a savelha recolhido na Net, no entanto as savelhas do Minho são maiores do que as que este texto enumera.




Nome comum: Savelha, Saboga.



Nome científico: Alosa fallax (Lacepède, 1803)



Hábitos e Habitat: A savelha é uma das espécies de peixe pertencentes à família Clupeidae, na qual também se incluem espécies como a sardinha e o arenque. A savelha, ou saboga, possui o corpo fusiforme e comprimido lateralmente. Apresenta 4 a 8 manchas pretas atrás do opérculo, bem visíveis sobre a cor prateada dos flancos e ventre. O dorso possui coloração azulada e brilhante. As escamas desta espécie são grandes, suaves e pouco aderentes. No ventre possui uma linha de escamas diferentes das restantes – escuteliformes - que formam uma quilha ou carena (Figura 1). As fêmeas atingem as maiores dimensões e longevidade, cerca de 55 cm e aproximadamente 1 kg, podendo viver até aos 10 anos.
 A savelha ocorre no Atlântico Nordeste, desde a Escandinávia até às zonas     costeiras de Marrocos, incluindo o Mar Mediterrâneo, Mar Báltico e Mar Negro.

Esta é uma espécie migradora anádroma, que ocorre não só em meio marinho, como nas zonas costeiras, mas também em estuários e na zona mais a jusante dos rios (mais próxima do estuário). Em Portugal ocorre nas bacias dos rios Minho, Lima, Vouga, Mondego, Tejo, Sado, Mira e Guadiana. Na bacia do Douro já não existem populações viáveis, embora se continue a verificar a entrada de indivíduos erráticos.

As savelhas são peixes que formam cardumes que se movimentam ao longo de toda a coluna de água, e diz-se por isso, que são peixes pelágicos. Quando em meio marinho, vivem a profundidades na ordem dos 200 a 300 m.

É no meio marinho que as savelhas se preparam para a migração de reprodução. No início da Primavera, entre Março e Abril, os cardumes de savelhas agregam-se nos estuários. Em Maio começam a subir os rios, quando a temperatura da água varia entre 10ºC e 12ºC. Esta espécie necessita de intervalos de adaptação à diferença de salinidade da água, à medida que sai dos estuários e começa a subir os rios.

Os machos iniciam a migração para montante dos rios umas semanas antes das fêmeas. O local escolhido para a desova, geralmente tem substrato arenoso, com algumas pedras e vegetação aquática. A desova ocorre em Junho e Agosto, sempre durante a noite, em que a agitação de numerosas savelhas a chapinhar à superfície da água produzem um som bem audível. Após a turbulência do frenesim da desova, os ovos fecundados afundam no leito do rio, permanecendo sobre o substrato de areia, lodo ou gravilha, e eclodem decorridos 4 a 6 dias (dependendo da temperatura da água).



Após a desova, os adultos que deixaram de se alimentar durante a época de reprodução em água doce, regressam ao mar, podendo ainda voltar a reproduzir-se durante cerca de 3 épocas. No mar, os adultos alimentam-se de pequenos peixes e crustáceos.

As pequenas larvas de savelha alimentam-se de plâncton e invertebrados dulciaquícolas à medida que são arrastadas pela força da corrente em direcção aos estuários, onde chegam entre Agosto e Outubro. Podem permanecer nos estuários durante 1 ano, após o qual migram para o mar até atingir a maturidade sexual: aos 2-3 anos de idade para os machos e 3-5 anos para as fêmeas, dando continuidade ao ciclo de vida desta espécie.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Abertura pesca Minho 2012


Noite muito curta, depois de 3 horas de dormir, levantei-me as 4:40 para sair as 5:00 e para chegar cedo e tomar o pequeno-almoço como costume na confeitaria das cerejeiras.
As expectativas eram enormes, a abertura nos últimos dez anos tinha sido bastante boa, nos últimos dois, mesmo fabulosos. Tínhamos vários ingredientes que perspectivavam um bom dia de pesca.
Quando chegamos ao nosso local, já dois barcos se preparavam para entrar na água, preparamos as “coisas” e aguardamos a nossa vez, chegamos em boa hora, pois não demorou muito a começar a procissão dos barcos. Esperamos já dentro do barco o nascer do dia.

A claridade do nascer do dia apareceu e nós começamos a pescar. O tempo estava super frio, estava um vento fraco gelado, mesmo com roupa adequada, botas de neoprene completas, e um corta-vento por cima, não era fácil suportar o frio, as mãos congelavam á medida que o barco andava. Normalmente quando o sol nasce, o dia aquece, já temos tido muitos dias de frio (geada) que depois o sol nasce, e fica agradável, mas neste nas primeiras horas era de congelar, estava a desenhar-se um dia que de facto se confirmou, que de normal não teve nada. Normalmente não costumamos (de barco) pescar trutas mariscas no Minho no nascer do dia, apenas algum tempo depois, mas este começou bastante bem, foi pescada depois de 4 minutos a primeira truta, (28 cm) e devolvida á água, depois mais uns minutos e uma bastante grande (a melhor do dia), seguiram-se outras sem medida e vários “ataques”, e de repente parou. Apareceu o sol e andamos tempos infinitos sem sentir peixe, de muito em muito longe lá pescávamos mais uma truta e mais um tempo infinito sem nada. Desesperados a que tentar todas as cores do rapala, á que fazer experiências na forma de pescar, na velocidade, em todos as situações que nos lembramos, troca de telefonemas com outros amigos pescadores (que tinham o mesmo problema), mas nada fazia mudar para o que normalmente dava resultado.
Assim andamos horas a fio, até que o sol começa a desaparecer, e as trutas voltam logo a uma boa actividade e conseguimos pescar mais algumas.

O caudal do rio muito baixo, como nunca se viu, a água transparente, em alguns lugares de vários metros de profundidade via-se perfeitamente o fundo. Parecia vidro, água limpa e com uma visibilidade como nunca vi. Claro que não foi apenas por este factor que as trutas não estavam muito activas, no meu entender e claro baseado nas que “pescávamos”, o problema era bastante maior, as trutas que entraram, fizeram-no em Novembro e Dezembro com as chuvas e caudal do rio, foram estas trutas que pescamos, era normal pescar trutas acabadas de entrar, este ano não pescamos uma. Todos os barcos com quem falamos e as trutas que vimos, estavam na mesma situação, trutas com algum tempo de entrada. Faltava aqui as trutas que todos os dias entram no Minho, devem estar no mar em Caminha á espera de água suficiente para entrar. As trutas acabadas de entrar são de cor prata, todas as que pescamos embora mariscas, já tinham alguma tonalidade mais escura, tonalidade do rio.
Foi a minha pior abertura (embora comparativamente a outros barcos, não fosse má) nos últimos dez anos. Não tenho qualquer dúvida que não estão a entrar muitas trutas, em algumas partes do rio tinham mais, mas não se viam a trutas normais desta época (acabadas de entrar).
Assim para este ano perspectiva-se um ano complicado, a não ser que chova suficientemente para gerar algum caudal, e aí entraram de certeza muitas trutas. Vamos pescar nestes próximos dias as trutas que estão concentradas em alguns lugares, mas sem “reposição” ou seja sem trutas a entrar todos os dias que é normal nesta época, vai terminar muito cedo a pesca no Minho este ano.

 Esperemos o tempo mude, nunca vi o Minho assim.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Caudal Rio Minho 2012


Depois de uma visita ao Minho no dia 04/02/2012, para pensar um pouco na estratégia de pesca para a abertura, tive uma grande surpresa.
Já não vi-a o Minho á mais de dois meses, nos meus cerca de 35 anos de pesca neste rio, não me recordo de ver um caudal, neste período, tão baixo.
A preparação começou quando passei sobre o Cávado, olhei, e vi um caudal que nem no verão costuma a estar tão baixo, depois foi a vez do Lima, um braço do rio (ultimo) estava seco.
A pesca, bem como muitas coisas na vida, é um pouco como conduzir, não podemos fazer o mesmo tipo de condução em estrada seca, molhada, gelo ou neve. Aqui na pesca é muito importante a “leitura” do rio, o caudal, a tonalidade da água (está transparente), sabemos que vai estar um dia com muito pouca nebulosidade, e com pouco vento. Assim fiquei já com noção muito importante dos lugares a “insistir”e da cor das amostras a utilizar (no meu caso rapalas). Esta leitura é muito importante quer para quem pesque nas margens, quer para os barcos (meu caso). Sabemos que existem partes do rio (por vezes bastante) grandes que não vale muito insistir, e pelo contrário, outras, onde é muito importante esta insistência.
Fiquei com a impressão que mais uma vez vou ter razão, quando penso que foi uma grande “asneira” abrir a pesca tão cedo. Vai ser uma “mortandade” nas trutas. A falta de água nas barragens, logo por conseguinte, o fraco caudal, irá levar a uma maior concentração em determinados lugares das trutas, e irá fazer com que estejam ativas muito mais tempo. No rio Minho, para além da influência das marés, penso que mais importante, era a influência, das barragens, que quando “turbinavam”, aumentava muito o caudal do rio, descia a temperatura da água e as trutas ficavam algum tempo inativas, por vezes horas, nos dias de muita água. Agora com este nível, este efeito será bastante mais pequeno, o que irá permitir maior horas de atividade das trutas, logo um número capturado, bastante superior, caso tenham entrado (as trutas claro).
É evidente que este efeito será bastante maior nos barcos, no entanto nas margens também será superior, e permite ainda que se “batam” zonas de pesca que normalmente não é possível, dado o caudal do rio.
Este está a ser um ano recorde de lampreias, e eu agora compreendo um pouco porquê. Elas com o caudal atual, não têm por onde fugir, claro que também existem outros fatores. A minha previsão será um inicio de pesca, bastante “forte”, com grandes quantidades capturadas. Por outro lado será um período mais curto, pois mais rapidamente, o rio ficará “limpo” dos bons exemplares. É apenas um a opinião.

Boa pescaria.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Pesca truta marisca 2012 - Minho

Uma nova temporada está para começar, este ano começa um pouco mais cedo.
Não sei se são boas notícias, mas a pesca este ano no Minho abre no dia 13/02/2012.
Este decreto lei 32/2011, que define as regras para este ano, no entanto não trás grandes novidades, as que realçam numa leitura rápida são de facto a data de abertura, e alteração na medida das trutas, trutas fário e arco-íris. Estas voltaram aos anteriores 19 cm.
Quando digo que não sei se serão boas noticias, baseio-me na experiência do ano anterior, em que se pescaram muitas trutas, embora grandes, mas muito magras. As trutas só começam a estar bastante gordas em meados de Março, penso que deverá ter a ver com a amêijoa, que é uma alimentação que as trutas adoram e que as alimenta bastante bem.
No entanto as autoridades marítimas de ambos os países de novo este ano nem têm isso em consideração, e assim, vamos fazer a abertura em 13 de Fevereiro
Ainda não vi o caudal do Minho, sei que existiram umas pequenas cheias em Outubro e Novembro. Espero que ainda exista mais alguma antes, pois é importante um bom caudal, para as trutas entrarem e não ficarem no mar como aconteceu a cerca de três anos, em que os profissionais, apanharam muitas trutas no mar entre o Porto e Caminha, o rio estava com pouco caudal, o que levou uma grande parte das trutas a ficarem no mar, não tendo entrado para a desova.

As boas notícias são que continuam a entrar muitos salmões, e que existem bastantes de repovoamento (entre 500 gramas a 2 kilos), estes ainda não saíram para o mar.
Estes repovoamentos foram feitos por Espanha, e também por alguns pescadores portugueses, em cooperação com as entidades oficiais.
São bastantes destes pequenos salmões, que a maior parte de nós nos barcos têm pescado.
No entanto existem já em algumas zonas de repovoamento, salmões de grande porte, caso do rio Mouro, foz do rio Gregório, e Sevide. Nestes lugares já foram vistos (final do ano anterior e este ano) vários exemplares de grandes dimensões.

Estão reunidas algumas das boas condições para que seja um ano bom, para a pesca da truta marisca no rio Minho. Espero que a grande parte dos pescadores respeitem as dimensões mínimas exigidas, pois só assim poderemos no futuro continuar com o melhor rio que “passa” em Portugal. Sei que muitos não respeitam o defeso, e pescam todo o ano, mas espero que respeitem pelo menos a medida, pois assim se asseguram a sua reprodução.
 Um bom ano de pesca para todos os amantes deste belo desporto.